domingo, setembro 12, 2010

Politização de cargos públicos impede desenvolvimento

Maputo (Canalmoz) – A nomeação de pessoas para cargos públicos com base na confiança política, e não na competência, impede o desenvolvimento do país e deixa muitos moçambicanos desmotivados na contribuição do crescimento do país. Quem o afirma é o académico e presidente do Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais (CEMO), Manuel de Araújo, para quem este problema foi trazido pela administração de Armando Guebuza.
“Me importaria menos se a politização dos cargos públicos tivesse uma dose de competência”.
A referida politização, segundo Manuel de Araújo, faz com que determinadas pessoas que nada sabem duma determinada área, sejam colocadas como responsáveis dessa mesma área, a nível nacional. “Infelizmente, verificamos que agrónomos são colocados a gerir polícias, sindicalistas a traçar estratégias agrícolas, pescadores a construir estradas e pontes, professores a plantar batatas e assim por diante”, diz.
Manuel de Araújo, que também já foi deputado na Assembleia da República pela bancada da Renamo, prefere chamar a isso de “Nova Escola de Liderança Guebuziana”.
Isso, segundo explicou, cria problemas, uma vez que desmotiva os quadros dos sectores que tem que falar e receber ordens de “analfabetos técnicos”. De acordo com o académico Manuel Araújo, em países com uma cultura institucional isso não é grave, mas em países como o nosso, onde ainda estamos a construir as instituições, as implicações para o processo de governação são gravíssimas.

A nossa economia

Manuel de Araújo diz que a nossa economia sofre de problemas estruturais graves que precisam de uma reformulação estratégica e infelizmente o que temos vindo a verificar é a repetição dos mesmos erros e falhas, desde 1975.
“Tanto com o Plano Prospectivo Indicativo, com o PRE, o PRES, como com os Planos Quinquenais, temos evitado tomar passos radicais que transformariam a natureza dos problemas estruturais que a nossa economia enfrenta”, disse.
Araújo acrescentou que actualmente temos estratégias sectoriais que não dialogam. “Por exemplo, na agricultura promovemos a cultura do tabaco e na saúde combatemos o consumo do tabaco! Faz sentido? No Interior aumentamos o preço dos vistos de entrada e no turismo promovemos a vinda de turistas! Faz sentido?”. Questiona.
Para Manuel de Araújo, precisamos de uma estratégia global dialogante, onde os sectores dialoguem mutuamente. A estratégia industrial deve dialogar e basear-se na estratégia da pecuária e/ou agrícola. “Cada estratégia sectorial deve começar onde termina a outra, e não deve ter objectivos conflituantes, ou como acontece actualmente”, disse.

Fonte: canalmoz(Matias Guente)

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