quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Preços de alimentos subiram em Janeiro


Moçambique registou um aumento de 1,62 por cento no nível geral de preços, em Janeiro último, face ao mês de Dezembro de 2010, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciados esta quarta-feira, em Maputo. Os preços de produtos alimentares e bebidas não alcoólicas sofreram o maior agravamento, contribuindo no nível geral dos preços com 1,18 pontos percentuais.


De acordo com Firmino Guiliche, director adjunto das contas nacionais e indicadores globais, que falava em conferencia de imprensa para apresentar o Índice de Preços no Consumidor (IPC), em relação ao período homólogo os preços de Janeiro do corrente ano registaram um agravamento na ordem de 16,2 por cento.

Para estes níveis, contribuíram as divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas e da habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis, com variações de preços na ordem dos 20,02 e 15,86 por cento, respectivamente.

O aumento dos preços do tomate, coco, peixe fresco, congelado ou refrigerado, feijão manteiga, alface, arroz e camisas e blusas para senhoras teve impacto no total da inflação mensal.

Estes dados vêm contrariar aquela que devia ser a tendência dos preços no mês de Janeiro depois do período das festas de Natal e de Fim-de-Ano.

Para Guiliche, esta situação deriva do facto de em Janeiro as famílias terem despesas com a educação, nomeadamente: matrículas material escolar e uniforme. “As dimensões de educação e transporte também têm implicações no consumo das famílias e, portanto, nos preços. Desde 2010 verifica-se a tendência de não redução de preços em Janeiro, como era costume” frisou.

De salientar que no que concerne à educação, devido à crise de vagas nas escolas públicas, muitas famílias acabam optando por colocar os seus educandos em escolas privadas, o que tem as suas implicações nos gastos efectuados.

Enquanto isso, devido à carência de transporte, sobretudo na cidade de Maputo, cada membro de uma família acaba gastando o dobro ou triplo do que pagaria numa viagem por causa das ligações para chegar ao seu destino. O IPC foi elaborado tendo em conta dados recolhidos nas cidades de Maputo, Beira (Sofala) e Nampula.

Segundo Guiliche, a cidade de Maputo registou maior variação dos preços em Janeiro passado, na ordem de 2,05 por cento, seguido de Nampula com um aumento de 1,29 por cento. A cidade da Beira foi a que registou uma variação moderada, de 0,94 por cento.

De referir que o IPC de Janeiro deste ano apresenta algumas mudanças: introdução de mais 81 produtos, recolha semanal, mensal e periódica de dados, aumento do numero de lojas e mercados avaliados.

Por outro lado, houve incremento do total de observações e realização de estimativas automatizada para dados casos de preços não observados.



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Escrito por AIM
Quinta, 17 Fevereiro 2011 08:36

sábado, fevereiro 12, 2011

Novo Código de Estrada: Excesso de velocidade passa a custar prisão

UM novo Código de Estrada deve entrar em vigor ainda este ano visando actualizar as regras que respondam ao crescimento do parque automóvel, que reúna legislação dispersa, agrave os valores das multas e harmonize com as regras da região.


Dentre outras disposições, o novo Código de Estrada, que deve entrar em vigor no segundo semestre, estabelece que a velocidade máxima dos veículos ligeiros fora das localidades passa para 120 quilómetros/hora (agora é 80km/h) e o excesso é punido com multas que vão até oito mil meticais e prisão de 3 dias a 3 meses quando se exceda ao dobro da que é permitida.\

O director-adjunto do Instituto Nacional de Viação, Jorge Miambo, disse que o limite máximo de velocidade em 120 quilómetros por hora é praticamente uma harmonização com a região. As sanções deverão ser agravadas e graduadas em função do excesso que poderá ocorrer.

Nos termos deste dispositivo, aprovado semana passada pelo Conselho de Ministros, elimina-se a prioridade à direita, que é prática, e vai prevalecer que todos no entroncamento param e arranca o que tenha chegado primeiro, mais ou menos, como acontece na região. Para o efeito, todos os entroncamentos terão stop. Nos locais onde não há sinalização passa a ser definida pelo primeiro a chegar.

Para além do álcool ao volante, o novo código proíbe o uso de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas. A multa pelo uso de estupefacientes pode ir até 2000,00 meticais. Para quem consumir mais de 0,71 miligramas por litro a multa pode ir até 5 mil meticais e pode dar cadeia até seis meses, para além da inibição de conduzir por um período de um ano. Tolerância zero continua para os condutores de veículos de transporte público de passageiros.

Outra novidade é o facto de passar-se a dispor sobre o tempo de condução e descanso para os condutores e a proibição da comercialização de veículos com volante à esquerda.

Serão penalizados por 3000,00 meticais os condutores que obstruírem as vias. Nos termos do novo código, a poluição do solo e do ar passam a ser punidos com multas até 750,00 meticais. A poluição sonora varia duma pena de 750,00 meticais a prisão do condutor até três meses quando ultrapasse 20 decibéis e 500,00 pelo arremesso de qualquer objecto para o exterior.

De acordo com a nossa fonte, o dispositivo proíbe igualmente o uso de qualquer tipo de auscultadores sonoros, de aparelhos radiotelefónicos e televisores.

Introduz, igualmente, a mediação como mecanismo extra-judicial para a resolução de conflitos que resultem de acidentes de viação, o que passa pela manifestação, por escrito, pelos envolvidos.

O dispositivo prevê que sempre que o valor da multa seja superior a dez mil meticais pode a mesma ser paga em prestações mensais não inferiores a mil meticais. Este instrumento entra em vigor 180 dias após a sua publicação no Boletim da República. Durante este período, segundo Jorge Miambo, segue um processo de divulgação a todos os níveis para que seja conhecida e bem interpretada.

Maputo, Sábado, 12 de Fevereiro de 2011:: Notícias

Mais de 4 mil empresas contra pobreza urbana







MAIS de 4500 empresas formais devem ser estabelecidas nos próximos cinco anos, no quadro de um programa da iniciativa do Governo, em parceria com o sector empresarial, respondendo aos desafios do emprego ou ocupação da maioria dos jovens que vivem nas áreas urbanas.


A fase piloto do programa, apresentada quinta-feira em Maputo pelo Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), começa a ser implementada ainda este trimestre, abrangendo jovens das cidades do Maputo e Matola.

Avaliado em cerca de 14 milhões de dólares norte-americanos, financiados por empresas participadas pelo Estado, públicas, privadas e parceiros de cooperação internacional, o programa (Pró Empresa Jovem) deverá criar pelo menos 30 mil empregos formais.

Segundo o Presidente do Conselho de Administração do IGEPE, Hipólito Hamela, as empresas nacionais irão contribuir para o estabelecimento do fundo com pelo menos dois milhões de dólares, sendo que outros 12 milhões serão conseguidos junto dos parceiros internacionais, os quais já manifestaram interesse em contribuir para o programa.

Aliás, algumas empresas participadas já começaram a dar a sua contribuição para esta iniciativa como forma de assegurar os 500 mil dólares necessários para o arranque do processo.

O programa pretende alterar o actual cenário, em que algumas iniciativas nacionais de desenvolvimento são lideradas por organismos internacionais ou organizações não-governamentais. Pelo menos é este o espírito que o Primeiro-Ministro, Aires Aly, transmitiu quando em Setembro se reuniu com empresas para falar da necessidade de encontrar formas de ocupar os jovens das áreas urbanas.

Hipólito Hamela explicou que a iniciativa pretende ser um complemento ao programa de combate à pobreza urbana, nomeadamente a extensão dos sete milhões para as cidades.

“Já temos uma boa indicação das empresas participadas pelo Estado. A nossa intenção neste momento é mobilizar 500 mil dólares para começar com o programa”, referiu Hamela.

Para esta iniciativa conta-se com a experiência do GAPI, uma instituição financeira com alguma tradição no apoio a pequenas e médias empresas.

“A ideia é dar instrumentos aos jovens para iniciar os seus negócios, pela via do auto-emprego ou pela via da criação de pequenas e médias empresas”.


Entretanto, alguns participantes ao acto de apresentação entendem que o programa deve identificar com maior precisão o seu público-alvo, privilegiando o financiamento de projectos passíveis de criar riqueza para o país.

Outros ainda são da opinião que na fase de implementação se deve aproveitar a experiência das agências de desenvolvimento já instituídas em algumas províncias, evitando a proliferação de instituições que acabam concorrendo para a mesma missão.

Maputo, Sábado, 12 de Fevereiro de 2011:: Notícias

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Como 'comprar' uma noiva na África do Sul?


Estou sentado no meu carro, numa tranquila estrada no Soweto, impaciente.
Ao meu lado, o meu amigo Mpho conta piadas para tentar aliviar a tensão.

Lá fora, consigo ver uma longa fila de bungalows. Cada um tem um portão de aço e as paredes pintadas de forma brilhante. Nos caminhos impecavelmente limpos, há BMWs e Mercedes estacionados.

Hoje em dia grande parte do Soweto parece um subúrbio bastante acolhedor. Bem distante das batalhas anti-apartheid, entre 1970 e 1980.

O meu telemóvel toca. É uma mensagem de Bra Gugu. Um dos meus negociadores.

"Está tudo tratado", diz.

Começo a sentir um misto de alívio e adrenalina.

Depois Gugu e a equipa aparecem ao portão. Atrás deles, a silhoueta alta e magra de Kutlwano - a mulher que acabei de comprar. De acordo com os costumes locais, somos marido e mulher.

À maneira africana

Aqui, na África do Sul, chamam-lhe lobola ou bohali. Mas a tradição de pagar o dote pela mulher com cabeças de gado existe por toda a África.

Quando conheci Kutlwano, há dois anos, a tradição soou-me arcaica e, de alguma forma, degradante para as mulheres.

Mas percebi o quão importante é por estas bandas e o quão séria é vista.

Quando eu conheci a mulher com quem queria casar, percebi que tinha que fazer as coisas à maneira africana - e esperando conquistar o respeito da família dela.

Bohali não é um procedimento simples. É um processo longo, complexo e com muitas regras - que variam consoante a tribo e inclinações das famílias envolvidas.


Os noivos com a mãe de Christian e um dos seus amigo que fez o negócio

O meu primeiro dever era escrever uma carta ao pai dela, informando que a minha família tencionava visitá-lo.

Mas a carta tinha que ser escrita em língua soto do sul, pela minha mãe, que é inglesa e não fala uma palavra em soto do sul.

Inicialmente, o pai da Kut não estava inclinado a ceder. Mas lá concordou que a minha mãe lhe enviasse um e-mail, em inglês.

Ela disse-lhe que iria nomear uma equipa de sul-africanos para negociarem o casamento em seu nome.

Eu escolhi Bra Dan, um amigo que é da mesma tribo que a família da Kut. É um operador bastante inteligente e bom no trato com as pessoas.

Também pedi a um camaraman meu amigo, Gugu, e a outros dois colegas, Ezra e Connie - todos de tribos diferentes.

Preço elevado

Mesmo a Kutlano estava entusiasmada, mas também estava preocupada que a sua família exigisse um preço muito elevado por ela.

Ela é formada, linda e não tem filhos. Tudo isso eleva o preço a pagar. E as pessoas por aqui tendem a pensar que os estrangeiros brancos são ricos. (Coisa que eu não sou).

A Kutlwano falou em privado com a sua mãe. E tivemos a indicação de que não nos devíamos preocupar. O preço seria justo, e não baseado na minha nacionalidade.

Em Leicester, na minha cidade em Inglaterra, os casais de raças diferentes são banais. Mas na África do Sul são ainda bastante raros.

As pessoas ficam a olhar para nós se caminhamos em espaços públicos de mãos dadas, ainda que a maioria fique apenas intrigada.

Quando saímos para fazer compras, as jovens mulheres negras perguntam baixinho à Kut como conseguem conhecer homens brancos.


Amostra dos trajes usados na cerimónia

Aparentemente temos reputação de sermos dedicados e de tomarmos conta de quem gostamos.

A raça é ainda uma questão complexa na África do Sul. Mas percebemos que a maioria das pessoas são bastante abertas e calorosas.

"Vale cada uma das vaca"

Finalmente, foi marcada uma data para a negociação.

Do lado de fora da casa da Kut, a família dela deixou a minha equipa à espera propositadamente uma boa meia hora.

Uma táctica tradicional. Finalmente, eles entraram sem mim. Trocaram-se garrafas de whisky, e chegou-se a um acordo no preço de cada vaca.

Mesmo nas zonas sul africanas modernas e urbanas, a vaca continua a ser a unidade de negócio.

Depois começou a fase de propostas.

Na África do Sul, é considerada falta de educação falar abertamente sobre quanto custa uma mulher. Portanto, vamos dizer que custou-me um rebanho. E valeu casa vaca.

Mas ainda não chegámos ao fim da cerimónia do casamento.

Doze semanas depois, estou de volta à mesma rua do Soweto. Desta vez tenho colocado um chapéu em forma de candeeiro tradicional da região, tenho vestido um fato de linho branco e tenho calçadas sandálias castanhas. Não é o meu estilo habitual.

Danço desajeitadamente rua abaixo - o meu cortejo canta canções em soto do sul e ri-se da minha falta de jeito.

Toda a vizinhança está na rua, a cantar e a gritar palavras de felicitações.

Quando chego a casa da Kut, dirijo-me à parede onde estão várias pessoas encostadas à volta dela. Puxo-a da família dela para a minha, completando o ritual.

As mulheres gritam de alegria e os homens riem muito alto e mexem uma bebida caseira muito forte - Mqombothi.

É uma verdadeira recepção na township (aldeamento). E, de repente, sinto-me em casa.



Fonte: Christian Parkinson (...que se casarsa pelos costumes do soweto)
Correspondente da BBC no Soweto, 02/02/2011

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Malangatana (1936 - 2011)



Malangatana Valente Ngwenya (6 de Junho de 1936, Matalana, distrito de Marracuene, Moçambique - 5 de Janeiro de 2011, Matosinhos, Portugal) foi um artista plástico e poeta moçambicano, conhecido internacionalmente pelo seu primeiro nome "Malangatana", tendo produzido trabalhos em vários suportes e meios, desde desenho, pintura, escultura, cerâmica, murais, poesia e música.

Nasceu na localidade moçambicana de Matalana. Passou a infância a ajudar a mãe na fazenda enquanto frequentava a Escola da Missão Suíça protestante, onde aprendeu a ler e a escrever e, após o seu encerramento, a Escola da Missão Católica, concluindo a terceira classe em 1948[2]. Aos 12 anos de idade, mudou-se para Lourenço Marques (atual Maputo) à procura de trabalho, tendo praticado vários ofícios humildes e acabando por em 1953 arranjar trabalho como apanhador de bolas num clube de ténis, o que lhe permitiu retomar os estudos, frequentando aulas noturnas que lhe despertaram o interesse pelas artes, onde teve como mestre o arquiteto Garizo do Carmo[2]. Um dos membros do clube de ténis, Augusto Cabral, ofereceu-lhe material de pintura e ajudou-o a vender os seus primeiros trabalhos.

Em 1958, ingressou no Núcleo de Arte, uma organização artística local, recebendo o apoio do pintor Zé Júlio. No ano seguinte, expôs a sua arte publicamente, pela primeira vez, numa exposição coletiva, passando a artista profissional graças ao apoio oferecido pelo arquiteto português Pancho Guedes, através da cedência de um espaço onde pôde criar o seu atelier e da aquisição mensal de dois quadros[2]. Em 1961, aos 25 anos, fez a sua primeira exposição individual no Banco Nacional Ultramarino[2]. Em 1963, publicou alguns dos seus poemas no jornal «Orfeu Negro» e foi incluído na «Antologia da Poesia Moderna Africana»[2].

Nessa altura, é indiciado como membro da FRELIMO, ficando preso na cadeia da Machava até ser absolvido a 23 de Março de 1966[2]. A 4 de Janeiro de 1971, foi novamente detido, a fim de esclarecer o simbolismo do quadro «25 de Setembro», exposto pouco antes no Núcleo de Arte, o que pôs em risco a sua partida para Portugal, onde obtivera uma bolsa da Fundação Gulbenkian para estudar gravura e cerâmica[2].

Depois da independência de Moçambique, foi eleito deputado em 1990, pela FRELIMO. Em 1998, foi eleito para a Assembleia Municipal de Maputo e reeleito em 2003. Participou em ações de alfabetização e na organização das aldeias comunais na Província de Nampula. Foi um dos fundadores do «Movimento Moçambicano para a Paz» e fez parte dos «Artistas do Mundo contra o Apartheid»[2].

Faleceu a 5 de Janeiro de 2011 no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal[3].

[editar] Obra
A sua obra gira à volta dos acontecimentos políticos e históricos de Moçambique, focando-se até 1975 nas injustiças do colonialismo português e na luta anticolonial e, depois da independência, nos temas centrais do país, como a guerra civil. Após esse período, a sua obra começou a focar-se sobre temas mais amplos e universais, capturando a dureza da vida e os seus aspectos heróicos e, a partir dos anos 80, passando a ter um carácter mais sensual e muito marcado sobre o amor.

Ao longo dos anos, realizou imensas exposições individuais, em Moçambique, Alemanha, Áustria, Bulgária, Chile, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Índia, Macau, Portugal e Turquia. Tem vários murais pintados ou gravados em cimento em Maputo e fora de Moçambique. Além da pintura, é também conhecido pelas suas obras de desenho, aguarela, gravura, cerâmica, tapeçaria e escultura, encontrando-se representado em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas, por todo o mundo[2].

[editar] Prémios
Malangatana foi galardoado com a medalha Nachingwea, pela sua contribuição para a cultura moçambicana, e investido Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Em 1997, a UNESCO nomeou-o «Artista pela Paz» [4] e foi-lhe entregue o prémio Príncipe Claus.

Em 2010, recebeu o título de «Doutor Honoris Causa» pela Universidade de Évora[2] e a condecoração, atribuída pelo governo francês, de «Comendador das Artes e Letras»[5].

Malangatana foi também um dos poucos estrangeiros nomeados como membros honorários da Academia de Artes da RDA.

Referências
1.↑ Corpo de Malangatana em câmra ardente na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Canal UP (6 de Janeiro de 2011). Página visitada em 10 de Janeiro de 2011.
2.↑ a b c d e f g h i j Malangatana distinguido com doutoramento honoris causa. Ciência Hoje. Página visitada em 5 de Janeiro de 2011.
3.↑ publico.pt. Morreu o pintor moçambicano Malangatana. Página visitada em 5 de Janeiro de 2011.
4.↑ Contemporary african art - Malangatana (em inglês). Página visitada em 5 de Janeiro de 2011.
5.↑ Malangatana Comendador das Artes e Letras. Embaixada de França em Moçambique. Página visitada em 5 de Janeiro de 2011.


19/01/2011

Imigração ilegal em Moçambique é negócio


"Eles [os mandantes e maioritariamente comerciantes somalis com estabelecimentos em Nampula] não vêm ter connosco directamente.
"Enviam alguém e fazem ofertas irrecusáveis. No meu caso ofereceram o equivalente a cerca de trezentos dólares americanos por passageiro.
É muito dinheiro!", contou em exclusivo à BBC transportador moçambicano de imigrantes ilegais.

Moçambique está a tornar-se num corredor preferencial de redes internacionais de tráfico de pessoas.

Centenas de imigrantes ilegais são todas as semanas interceptados pela polícia, mas a grande maioria, cujo destino é a Àfrica do Sul, continua a iludir as autoridades.

Entrada pela costa

No fenómerno chegam a estar envolvidos elementos da polícia moçambicana e transportadores locais.

Um deles, sob promessa de anonimato, falou à BBC, para descrever como tudo se processa.

É de Nampula - no norte do país e plataforma giratória desse negócio ilícito e altamente rentável.

E, segundo contou, o ponto de entrada dos imigrantes ilegais em Moçambique dista a cerca de 600 quilómetros daquela cidade, junto à "desprotegida e pouco vigada" costa moçambicana.

"Polícias recebem mal"

A utilização de Moçambique como corredor do tráfico de pessoas levou a que a polícia decidisse investigar o eventual envolvimento de um homem de negócios de origem somali.

Portador de passaporte britânico, o mesmo foi preso recentemente na posse de duzentos mil dólares não declarados.

Enquanto isso, semanalmente continuam a ser interceptadas pela polícia centenas de cidadãos estrangeiros, na sua maioria por sinal somalis.

O nosso entrevistado indica que esta é apenas a ponta do ‘iceberg’.

As redes de tráfico de pessoas contam com o envolvimento de elementos da polícia espalhados pelos postos de controlo ao longo das vias e que para o efeito recebem subornos.

“Os polícias são seres humanos e recebem mal. Uma vez fui apanhado mas foi só entrar em contacto com o dono da ‘mercadoria’. Pagou-se e resolvemos o assunto”, contou o entrevistado.

O destino da maioria dos imigrantes é a Àfrica do Sul “e até outros países da Europa mas via Àfrica do Sul”, referiu.

Entretanto, reagindo ao alegado envolvimento da polícia com redes de tráfico de pessoas, o porta-voz da instituição em Nampula, Inácio Dina, admite que “tem havido situações do género”, mas ressalva que “os agentes envolvidos foram detidos e vão responder em juizo”.



Fonte: Eleutério Fenita
Correspondente da BBC em Maputo - 19/01/2011

ACIDENTE DE MBUZINI QUE VITIMOU SAMORA


Estados Unidos mantiveram comunicações entre Tupolev e Maputo sob escuta

– revela biografia de Pik Botha

Pretoria (Canalmoz) - As comunicações via rádio entre o Tupolev presidencial e a Torre de Controlo do Aeródromo de Maputo estiveram sob escuta dos Estados Unidos na noite do acidente de Mbuzini em que perdeu a vida o então chefe de Estado moçambicano, Samora Moisés Machel. A revelação vem contida na biografia do antigo ministro sul-africano dos negócios estrangeiros, Pik Botha, publicada em Dezembro último na África do Sul.
Segundo a autora da obra biográfica «Pik Botha and His Times», pouco depois do despenhamento do Tu-134A em Mbuzini, os investigadores da parte sul-africana receberam de entidades americanas a transcrição das referidas comunicações. A autora cita o investigador-chefe do acidente, pela parte sul-africana, como tendo dito que “os americanos mantinham a frequência sob escuta”. A frequência em causa era a do sistema de comunicações rádio de alta frequência utilizado pela Torre de Controlo do Aeroporto de Maputo para comunicar com aeronaves. O livro não fornece pormenores sobre a forma e o local onde foi efectuada a escuta, mas esta função cabe, em princípio, à NSA (National Security Agency), organismo norte-americano responsável pela recolha e análise de comunicações e transmissões em territórios estrangeiros.
Para além dessa transcrição, acrescenta a autora do livro, os investigadores sul-africanos também dispunham de outra, idêntica, obtida pela Base Aérea de Hoedspruit, situada junto à fronteira com Moçambique.
A transcrição permitiu aos investigadores de imediato detectarem falhas da tripulação do Tupolev presidencial. Efectivamente, no primeiro contacto com a Torre de Controlo do Aeroporto de Maputo, após ter entrado no espaço aéreo moçambicano, o Tupolev forneceu a hora prevista de chegada, o número de passageiros a bordo, o aeroporto de origem, e a autonomia da aeronave desde o momento de descolagem de Mbala, na Zambia. Nessa primeira comunicação, o operador de rádio do Tupolev pedia à Torre de Controlo para informar a quem de direito que “levava a bordo o No. 1”, numa referência ao Presidente Samora Machel.
Todos estes dados constam do plano de voo, que por norma deve ser efectuado antes da partida de uma aeronave. Tratando-se de um voo VIP, o plano de voo do avião transportando o presidente Samora Machel deveria ter sido efectuado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros moçambicano, com pelo menos 24 horas de antecedência. O fornecimento desses dados a cerca de 30 minutos da hora prevista de aterragem em Maputo era uma indicação clara de que a tripulação do Tu-134A não havia cumprido com um requisito elementar da navegação aérea, pondo em perigo a aeronave e a vida dos passageiros.
Posteriormente, em Moscovo, foi possível proceder à transcrição (e tradução do russo para o inglês) dos registos do gravador de cabine (CVR) do Tupolev que depois foi sincronizada com a transcrição da gravação da Torre de Controlo do Aeródromo de Maputo, ficando os investigadores com uma ideia mais clara do sucedido nos últimos 30 minutos do fatídico voo, em particular a acumulação de erros e falhas por parte da tripulação, o que viria a causar a colisão do aparelho contra os montes dos Libombos em Mbuzini. (ver transcrição integral de ambas as gravações em www.samoramachel.com/transcricaoo_CVR_ATC.pdf)

Fonte: Canalmoz (Redacção) 19/01/2011


2011-01-19 04:55:00