quarta-feira, janeiro 19, 2011

Malangatana (1936 - 2011)



Malangatana Valente Ngwenya (6 de Junho de 1936, Matalana, distrito de Marracuene, Moçambique - 5 de Janeiro de 2011, Matosinhos, Portugal) foi um artista plástico e poeta moçambicano, conhecido internacionalmente pelo seu primeiro nome "Malangatana", tendo produzido trabalhos em vários suportes e meios, desde desenho, pintura, escultura, cerâmica, murais, poesia e música.

Nasceu na localidade moçambicana de Matalana. Passou a infância a ajudar a mãe na fazenda enquanto frequentava a Escola da Missão Suíça protestante, onde aprendeu a ler e a escrever e, após o seu encerramento, a Escola da Missão Católica, concluindo a terceira classe em 1948[2]. Aos 12 anos de idade, mudou-se para Lourenço Marques (atual Maputo) à procura de trabalho, tendo praticado vários ofícios humildes e acabando por em 1953 arranjar trabalho como apanhador de bolas num clube de ténis, o que lhe permitiu retomar os estudos, frequentando aulas noturnas que lhe despertaram o interesse pelas artes, onde teve como mestre o arquiteto Garizo do Carmo[2]. Um dos membros do clube de ténis, Augusto Cabral, ofereceu-lhe material de pintura e ajudou-o a vender os seus primeiros trabalhos.

Em 1958, ingressou no Núcleo de Arte, uma organização artística local, recebendo o apoio do pintor Zé Júlio. No ano seguinte, expôs a sua arte publicamente, pela primeira vez, numa exposição coletiva, passando a artista profissional graças ao apoio oferecido pelo arquiteto português Pancho Guedes, através da cedência de um espaço onde pôde criar o seu atelier e da aquisição mensal de dois quadros[2]. Em 1961, aos 25 anos, fez a sua primeira exposição individual no Banco Nacional Ultramarino[2]. Em 1963, publicou alguns dos seus poemas no jornal «Orfeu Negro» e foi incluído na «Antologia da Poesia Moderna Africana»[2].

Nessa altura, é indiciado como membro da FRELIMO, ficando preso na cadeia da Machava até ser absolvido a 23 de Março de 1966[2]. A 4 de Janeiro de 1971, foi novamente detido, a fim de esclarecer o simbolismo do quadro «25 de Setembro», exposto pouco antes no Núcleo de Arte, o que pôs em risco a sua partida para Portugal, onde obtivera uma bolsa da Fundação Gulbenkian para estudar gravura e cerâmica[2].

Depois da independência de Moçambique, foi eleito deputado em 1990, pela FRELIMO. Em 1998, foi eleito para a Assembleia Municipal de Maputo e reeleito em 2003. Participou em ações de alfabetização e na organização das aldeias comunais na Província de Nampula. Foi um dos fundadores do «Movimento Moçambicano para a Paz» e fez parte dos «Artistas do Mundo contra o Apartheid»[2].

Faleceu a 5 de Janeiro de 2011 no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal[3].

[editar] Obra
A sua obra gira à volta dos acontecimentos políticos e históricos de Moçambique, focando-se até 1975 nas injustiças do colonialismo português e na luta anticolonial e, depois da independência, nos temas centrais do país, como a guerra civil. Após esse período, a sua obra começou a focar-se sobre temas mais amplos e universais, capturando a dureza da vida e os seus aspectos heróicos e, a partir dos anos 80, passando a ter um carácter mais sensual e muito marcado sobre o amor.

Ao longo dos anos, realizou imensas exposições individuais, em Moçambique, Alemanha, Áustria, Bulgária, Chile, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Índia, Macau, Portugal e Turquia. Tem vários murais pintados ou gravados em cimento em Maputo e fora de Moçambique. Além da pintura, é também conhecido pelas suas obras de desenho, aguarela, gravura, cerâmica, tapeçaria e escultura, encontrando-se representado em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas, por todo o mundo[2].

[editar] Prémios
Malangatana foi galardoado com a medalha Nachingwea, pela sua contribuição para a cultura moçambicana, e investido Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Em 1997, a UNESCO nomeou-o «Artista pela Paz» [4] e foi-lhe entregue o prémio Príncipe Claus.

Em 2010, recebeu o título de «Doutor Honoris Causa» pela Universidade de Évora[2] e a condecoração, atribuída pelo governo francês, de «Comendador das Artes e Letras»[5].

Malangatana foi também um dos poucos estrangeiros nomeados como membros honorários da Academia de Artes da RDA.

Referências
1.↑ Corpo de Malangatana em câmra ardente na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Canal UP (6 de Janeiro de 2011). Página visitada em 10 de Janeiro de 2011.
2.↑ a b c d e f g h i j Malangatana distinguido com doutoramento honoris causa. Ciência Hoje. Página visitada em 5 de Janeiro de 2011.
3.↑ publico.pt. Morreu o pintor moçambicano Malangatana. Página visitada em 5 de Janeiro de 2011.
4.↑ Contemporary african art - Malangatana (em inglês). Página visitada em 5 de Janeiro de 2011.
5.↑ Malangatana Comendador das Artes e Letras. Embaixada de França em Moçambique. Página visitada em 5 de Janeiro de 2011.


19/01/2011

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