terça-feira, julho 20, 2010

Gel vaginal reduz infecções do HIV em 50%


Um gel vaginal microbicida diminuiu de forma significativa o número de mulheres que contraem o HIV através de parceiros infectados, numa experiência efectuada na África do Sul.
O gel contém um anti-retroviral que reduz os índices de infecção em 50% depois de um ano de uso e em 39% depois de dois anos e meio, afirmam os investigadores.

A principal conselheira científica da ONUSIDA, a Doutora Catherine Hankins, disse à BBC que este é o primeiro gel especificamente concebido para combater o vírus HIV:

"Este gel é o primeiro que contém um anti-retroviral contra o HIV e portanto é específico para este vírus. É um avanço sem precedentes obter este tipo de resultados."

Se os resultados forem confirmados será a primeira vez que um gel microbicida é eficaz.

Este gel pode ser uma defesa para mulheres cujos parceiros se recusam a usar preservativo.

Resultados promissores

Novas formas de diminuir a propagação do HIV são desesperadamente necessárias, em particular na África sub-Sahariana, onde perto de 60% dos infectados com o vírus são mulheres.

Muitas vezes, as mulheres são forçadas a ter sexo de uma forma que não é segura e a nível biológico são mais vulneráveis à infecção do HIV do que os homens, o que torna o gel numa opção atractiva.

Agências da da ONU mostraram-se contentes com os resultados e vão realizar consultas de especialistas na África do Sul já no próximo mês de modo a discutir os próximos passos a serem dados no desenvolvimento deste produto.

Os resultados de um estudo de três anos foi completado pelo Centro para o Programa de Investigação sobre a Sida na África do Sul.


Estamos a dar esperança às mulheres.


Michel Sidibe, Director Executivo da ONUSIDA

E estão a ser apresentados na Conferência Internacional sobre a sida que está a ter lugar em Viena, na Áustria, depois de terem sido publicados esta segunda-feira na revista norte-americana Science.

Um grupo de manifestantes ocupou o palco da conferência apelando ao apoio do filantropo Bill Gates para o que designam como o "imposto Robin Hood".

Este seria um imposto aplicável em transacções financeiras globais de modo a financiar iniciativas de saúde. Mas Gates mostrou-se reticente:

"Sabemos que muitos especialistas consideram que este imposto não funciona na prática, pessoas que são peritas em sistemas financeiros não acharam que pudesse resultar."

Prevenção

De qualquer forma, o uso do preservativo é a melhor forma de minimizar o risco de infecção durante o sexo.

Mas esta não é uma opção para muitas mulheres em todo o mundo, que consideram difícil insistir que um homem tome as devidas precauções.

Um gel eficaz pode finalmente dar às mulheres a oportunidade de se protegerem a si próprias da infecção e assumirem o controlo da sua própria saúde sexual.


Na África sub-Sahariana, perto de 60% dos infectados com o vírus HIV são mulheres

No entanto, várias experiências anteriores produziram resultados desanimadores e até mesmo este último teste, apesar de ser o mais promissor, ainda está longe de ser uma forma de protecção devidamente segura.

Mas mesmo assim, um gel acessível às mulheres de alguns dos países mais pobres do mundo, onde é mais necessário, pode ajudar a transformar as suas vidas.

O gel foi considerado tanto seguro como aceitável quando usado uma vez nas 12 horas que antecederam o sexo e outra vez nas 12 horas que se seguiram, por mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 40 anos.

Salim Abdool Karim, um dos investigadores, disse aos jornalistas em Viena que 889 mulheres participaram na experiência conduzida na cidade costeira de Durban e numa aldeia remota.

Estudo

Elas também receberam preservativos e aconselhamento sobre as doenças sexualmente transmissíveis e fizeram o teste do HIV uma vez por mês.

As mulheres que usaram o gel de uma forma consistente foram as menos infectadas.

Os investigadores deram conta que o seu uso também demonstrou uma redução significativa do herpes genital, uma infecção sexualmente transmissível comum, que por si só aumenta o risco de infecção do HIV.

A ONU Sida salientou que perto de 20 anos de pesquisa foram dedicados aos microbicidas que podem ser controlados pela mulher, de uma forma independente do seu parceiro.

"Estamos a dar esperança às mulheres" disse Michel Sidibe, Director Executivo da ONUSIDA.

A directora da Organização Mundial de Saúde, Margaret Chan, também elogiou os resultados ao afirmar que assim que forem provados eficazes, a OMS vai trabalhar com diferentes países para acelerar o acesso a estes produtos.

Ao falar também na conferência sobre a sida em Viena, o antigo Presidente norte-americano, Bill Clinton, chamou a atenção para a necessidade de mais trabalhadores do sector da saúde em África:

"Se quisermos desenvolver os sistemas de saúde e o acesso ao tratamento, precisamos de ter mais trabalhadores qualificados no sector da saúde."


Fonte BBC

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