sábado, julho 17, 2010

Receando eclosão da violência: Moçambicanos abandonam em massa a África do Sul


UMA média de 50 compatriotas chega, por dia, ao posto administrativo de Muxúngue, distrito de Chibabava, em Sofala, receando uma possível eclosão da violência xenófoba na vizinha África do Sul. Cidadãos recém-chegados ouvidos ontem pelo nosso Jornal afirmaram ter tomado a iniciativa de deixar aquele país numa atitude preventiva para não serem mergulhados num “banho de sangue” à semelhança do que aconteceu nos princípios deste ano quando a caça aos estrangeiros degenerou numa chacina.

Informações daquele país indicam que alguns sul-africanos haviam alertado aos estrangeiros para que se retirassem depois do maior evento futebolístico do mundo, terminado domingo último naquele território.
Segundo afirmou Mateus Sithole, moçambicano acabado de chegar e que na RAS vivia na região de Western Cape, nunca se sabe ao certo o que efectivamente vai acontecer depois das anunciadas ameaças, “pois aqueles nossos vizinhos são imprevisíveis”.
Sithole, que é casado com uma sul-africana, acrescentou que de momento não há ainda registo de casos de violência, mas acredita que “a qualquer momento pode acontecer a desgraça”.
Uma outra cidadã nacional que se identificou apenas pelo único nome de Mary, natural de Goonda, no distrito de Chibabava, disse ter-se apressado a sair porque doutra vez escapou da violência, mas perdeu muitos bens.
“Estou aqui com os meus três filhos porque estou realmente a fugir do que se está a falar. Eles (sul-africanos) são capazes do que dizem”.
Ela residia naquele país há 17 anos, tendo nesse período se casado com um cidadão tanzaniano, relação da qual resultaram filhos ainda menores. “Por mim eu ficaria, porque me sinto em casa, mas os meus filhos ficaram traumatizados da última vez e estou a evitar que isso volte a acontecer”.
Entretanto, a chefe do posto administrativo de Muxúngue, Páscoa Mambara, afirma ter sido reforçada a segurança na região para evitar que os regressados sejam assaltados.
Se antes os moçambicanos regressavam duas vezes por semana, agora com esta situação estão a fazê-lo todos os dias. Os regressados por vezes chegam sem dinheiro e como recurso para se aguentarem vêem-se na contingência de vender os parcos bens que, regra geral, trazem na mão a preços muito baixos.
Fonte:Rodrigues Luís
Maputo, Quinta-Feira, 15 de Julho de 2010:: Notícias

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