sábado, julho 17, 2010

Igualdade de género continua miragem em Moçambique

Maputo (Canalmoz) – A questão de igualdade de direitos entre mulheres e homens, ligada à exclusão de mulheres na tomada de decisão no seio familiar e nos destinos do país, tem levantado debates inacabáveis entre académicos e políticos, em Moçambique.
No entanto, preocupado com esta situação, o Parlamento Juvenil, em Moçambique, está reunido desde ontem até hoje, em Maputo, pela primeira vez na história do país, num seminário nacional da juventude feminina. O encontro visa identificar e analisar as causas que ditam a fraca participação deste grupo social na tomada de decisões em prol da nação.
Posteriormente, o Parlamento Juvenil moçambicano projecta desenhar uma estratégia para acabar com a exclusão das mulheres jovens na participação e tomada de decisões nos assuntos que ditam o destino do país.
Algumas parlamentares que tomaram parte do evento consideram que a igualdade de direitos de género em Moçambique está longe de ser alcançada, alegadamente porque o Governo não dá a devida atenção ao assunto.
Entretanto, as mesmas fontes alegam que em Moçambique a propalada promoção de igualdade de direitos não passa de um simples discurso ou acções feitas em determinadas circunstâncias para a população pensar que o Governo se preocupa com a sua posição de vida.
A deputada da Assembleia da Republica pela bancada da Renamo, Maria Angelina Enoque, que participou como convidada, disse que em Moçambique a exclusão dos jovens, em geral, é uma realidade, principalmente do género feminino, em várias actividades que possam desenvolver o país.
Segundo ela, é um imperativo nacional garantir a participação da mulher na tomada de decisões sobre a vida do país, de modo a evitar a discriminação e promover a igualdade de direitos. Actualmente, prosseguiu, a juventude feminina é apenas solicitada a participar em certas cerimónias para fazer um número maior que possa satisfazer ambições partidárias.
Maria Angelina Enoque alerta para a necessidade de os jovens deixarem de ser meros espectadores e passarem para as acções, levantando debates sérios para reverter o actual cenário. “Em Moçambique, as mulheres representam cerca de 60% da população e não faz sentido que o Governo continue a marginalizar a nossa juventude feminina”, disse.

Falta de interesse do Governo

Por seu turno, Alcinda da Conceição, deputada da Assembleia da Republica pela bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), disse que há falta de interesse do Governo no enquadramento da juventude na tomada de decisões sobre os destinos do país, facto este que, segundo a mesma, desagua na marginalização das mulheres, desde as jovens até às idosas.
“Se o Governo quisesse realmente enquadrar a juventude feminina da sua agenda, então começaria por impor duras medidas contra a violação dos direitos da mulher e acabar com a discriminação da mesma, principalmente nas zonas rurais”, disse Maria Enoque.

Zonas rurais, principais focos de discriminação

De acordo com a presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique (LDM), Alice Mabote, a falta de acção participativa do Governo na promoção dos direitos iguais nas zonas rurais tem sido um dos principais factores que torna aquelas mais vulneráveis à desigualdade de género e, consequentemente, à discriminação das mulheres, mormente ainda jovens.
Ela sugere que, mesmo sem ajuda do Governo, as Organizações Não Governamentais deviam desenvolver acções sobre a educação cívica e promoção de direitos de género, sobretudo nas zonas rurais.

Juventude feminina clama por oportunidades nas províncias

A juventude feminina, presente no evento, proveniente de várias províncias do território nacional, queixa-se de falta de espaço e oportunidades para desenvolver suas acções. As queixas incidem, sobretudo, em questões como acesso ao emprego e falta de atenção dos governantes.
Outros participantes se queixaram da inviabilização das suas actividades de sensibilizarão de jovens para o combate à exclusão na participação sócio-política, com vista a desenvolver as suas zonas. O acto, segundo acusam e condenam, é protagonizado por organizações filiadas ao partido Frelimo, nomeadamente a Organização da Juventude Moçambicana (OJM) e a Organização da Mulher Moçambicana (MMO).

Fonte:Canalmoz(António Frades)2010-07-16 08:10:00

1 comentário:

  1. A questão de igualdade de género, tem facto levado muita gente ao parlamento; seja interno ou externo, isto é, um debate por volta deste aliciante e preocupante.

    É verdade que todos partilhamos a mesma terra, construímos no mesmo espaço e até desenvolvemos as nossa habilidades dentro do mesmo espaço, mas será que isso basta para a igualdade de género, não estará em falta o uso e o desenvolvimento da inteligência (não porque não tenham) para inúmeras vezes que enfrentamos vários problemas.

    Enfim, o mundo isso nos apresenta. A igualdade de género que “as mulheres deseja” qual é? Talvez de ter mesmo direitos mesmo salário, mesmo espaço e outras coisas que se pede(é importante que haja em todos), mas o mais agravante no meio de um problema são as primeiras a se afastar ou a agirem de uma forma “incrível” e sobretudo lamentável.

    A igualdade de género deveria existir em acções, em busca de grandes soluções de problemas e todavia em apostar num desenvolvimento da humanidade, em criar e inovar juntos as ideias, percebendo que ninguém é maior que ninguém quando juntos partilhamos os mesmos ideais.

    Tanto o governo assim como o povo, deve antes mais respeitar a posição de cada cidadão e promover a preocupação deste a uma nova objectividade relacional, rumo a sucessos.

    No parlamento sempre irão tocar do assunto “igualdade de género” mas o grave é a falta de explicitação a sociedade, é falta do cumprimento das suas preocupações no relevante a este assunto de igualdade de género.

    A ideia de um mundo (igualdade humana) traduz em cada pessoa a essência necessária para o enriquecimento da estrutura humana, serve de base para o desenvolvimento das comunidades e de bairros; quando todos se envolvem no mesmo objectivo – lutar para o bem estar de muitos (todos).

    Tanto como podemos perceber que existem zonas que são mais afectadas pela discriminação, pelo desemprego e sobretudo pela falta de condições básicas para o sustento familiar. Neste contexto insere-se todo género, mas podemos perceber também que dentro destas zonas há gente elevadíssima (gente grande) escondida nos bairros periféricos.

    Termino desejando que esta igualdade que tantos clamam por ela, não só se faça sentir em palavras ou por outra, que ela seja traduzida acção em benefício as pessoas mais necessitadas, elucidando a importância desta para a sociedade.

    Que não fiquemos a depender do governo se desejamos mudar alguma coisa que interesse a sociedade.

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