terça-feira, agosto 24, 2010

Mercado da castanha não satisfaz africanos

AS tendências actuais do mercado internacional da castanha de caju, a identificação de janelas de financiamento, bem como a necessidade de adicionar valor à amêndoa, através do processamento acabado, são algumas das actuais preocupações do sector a nível de África. Como resultado de um processo de reposição, nomeadamente através do cultivo de variedades melhoradas e combate a pragas e doenças, Moçambique exporta actualmente mais de 35 milhões de dólares norte-americanos.

Moçambique chegou a ocupar a posição de maior produtor da castanha, ao atingir na década 70 mais de 250 mil toneladas, mas o desempenho do sector foi caindo, por um lado como consequência do agravamento da instabilidade provocada pela guerra e, por outro, pela implementação da política de liberalização da exportação do produto em bruto, fazendo com que as poucas fábricas que continuavam a operar fechassem por falta de matéria-prima.

Para já, estes e outros problemas vão atrair as atenções da 5ª Conferência Anual da Aliança Africana do Caju, evento a decorrer entre 14 e 16 de Setembro, em Maputo, juntando mais de 250 delegados oriundos de várias partes, incluindo os 13 países produtores da castanha em África.

O director nacional-adjunto do Instituto de Fomento do Caju, Raimundo Matule, disse que uma das preocupações do momento é encontrar alternativas para assegurar o crescimento do mercado internacional.

“Uma questão particularmente importante para Moçambique é como nós podemos reduzir o tempo do início da produção dos cajueiros”, referiu Raimundo Matule, em conferência de Imprensa em Maputo.

Reconheceu ser verdade que o Continente Africano continua a exportar muita castanha em bruto, mas adiantou que o objectivo final é que o produto seja processado internamente, adicionando valor, criando empregos e gerando receitas para o Tesouro.

“É daí que para nós é muito importante discutir com os nossos parceiros sobre como é que o Continente Africano pode incrementar a indústria de processamento”, disse Raimundo Matule, para quem África tem que passar para uma fase de processamento final da castanha, ao contrário do que acontece actualmente, em que o produto é submetido a novas adições de valor no mercado destinatário.

Outro aspecto a ser discutido tem a ver com a estratégia de melhoramento da qualidade da amêndoa exportada, sobretudo numa altura em que o mercado tende a ser mais exigente. Este aspecto está também ligado a discussões sobre a certificação.

A conferência, que conta com o apoio da USAID, vai igualmente debater janelas de financiamento direccionadas para agro-negócios, para além da procura de caminhos de coordenação para evitar a duplicação de esforços entre os países africanos produtores da castanha.

Neste momento, Moçambique produz cerca de 90 mil toneladas de castanha, mas a capacidade interna de processamento é estimada em 40 mil, o que significa que pelo menos 50 mil são exportadas em bruto.


Maputo, Terça-Feira, 24 de Agosto de 2010:: Notícias

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