segunda-feira, agosto 23, 2010

Mozal poluiu menos o meio ambiente que a agricultura


Na investigação desenvolvida pela Universidade Eduardo Mondlane, consta que os sectores de florestas, automóvel, lixo doméstico, também poluem mais que a Mozal e a Cimentos de Moçambique “Não pretendo dizer que os fumos da Mozal não fazem mal” – Julião Cumbana, investigador da UEM

Maputo (Canalmoz) – Contrariamente ao que se pensa sobre as actividades da multinacional Mozal, o sector da agricultura em Moçambique é o que mais polui o meio ambiente, concluiu a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), num estudo encomendado pela Mozal.
Amilo Nará, docente e investigador do Departamento de Física da UEM, defende que em Moçambique as emissões do sector industrial não representam perigo algum contra o meio ambiente. O primeiro poluidor no país são as queimadas associadas à agricultura, que emitem anualmente ano 470 mil toneladas de partículas.


O segundo poluidor, ainda de acordo com Amilo Nará, é o sector das florestas (produção de carvão e lenha) com 14 mil toneladas de partículas por ano. Em terceiro lugar, consta o combustível doméstico (carvão e lenha nas residências). O sector informal (padarias, lixo doméstico) afigura-se em quarto lugar, enquanto que a poluição no ramo dos transportes nas diversas vertentes, ocupa o quinto lugar.


O investigador afirma que estes são apenas alguns exemplos, mas que lhe permitem assegurar que os outros sectores, designadamente o industrial, não têm alguma influência significativa na poluição do meio ambiente, tal como as organizações de defesa do ambiente têm vindo a propalar.


Amilo Nará refere igualmente que na indústria de alumínio, as regras do Banco Mundial e da Organização Mundial da Saúde são claras ao afirmarem que: “o alumínio não pode emitir mais de 500 toneladas de partículas por ano. E neste momento a Mozal emite abaixo de 250 toneladas de partículas de fluoreto de hidrogénio, um dos compostos primários na produção do alumínio”.
No mesmo estudo aponta-se, a título de exemplo, que só na cidade de Maputo, a circulação de carros emite 800 toneladas de partículas por ano. “Nas nossas casas, o carvão, a lenha e lixo doméstico queimados e os fumos produzidos diariamente pelos carros, entre outros poluídos são perigosos à saúde, mas, ignora-se isto tudo e pensa-se apenas na indústria”, observou o autor do estudo.


Por seu turno Julião Cumbane, investigador em poluição ambiental da mesma universidade moçambicana, secunda o colega ao afirmar que o estudo em alusão, encomendado pela Mozal, provou e prova, que as emissões que da Mozal e Cimentos de Moçambique são menos perigosas que outros fumos provenientes das estradas, florestas, lixeiras e machambas.

“Não pretendo dizer que os fumos da Mozal não fazem mal. Eles são emitidos em quantidades inferiores que não representam perigo algum. Das quantidades que a Mozal nos concedeu aumentamos mais e tivemos uma amostra favorável dos padrões nacionais de poluição”, disse afirmando que a indústria moçambicana está a seguir o perfil das exigências internacionais.
Cumbane indica que em Moçambique, as emissões das queimadas, nas cozinhas, lixo doméstico e poeiras se aproximam a 400 mil toneladas de partículas por ano. Isto também deve preocupar as Organizações Não Governamentais que lutam contra a poluição do meio ambiente.


“Não quero dizer que as ONG´s nada fazem, mas é preciso que vejam bem quem são os potenciais poluidores do país. O facto de a Mozal ser do Grupo A, não quer dizer que é o mais poluidor. Toda a actividade humana polui e causa problemas à sociedade”, disse sublinhando que no passado as industrias poluíam de qualquer maneira, mas agora usam filtros sofisticados e emitem menores quantidades de substâncias poluentes.


De acordo com Cumbane, não se pode viver sem alumínio, ferro ou cimento. Ele argumenta que o alumínio é o segundo metal mais usado no mundo e concorre para ser o primeiro a partir do momento em que entra no fabrico de aviões, carros, entre outros.
“Estamos seguros que os estudos são robustos e garantem que não haverá perigo”, disse lembrando que a Mozal é o sétimo maior produtor mundial de alumínio, atrás da China que tem mais de cinquenta fábricas de produção do mesmo metal leve mas resistente.

Fonte: Canalmoz.com (Cláudio Saúte) 2010-08-23 06:52:00

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